Procurou-se estabelecer uma hierarquia, distinguindo os doze grandes deuses olímpicos que, no famoso monumento do Louvre conhecido com o nome de Altar dos doze deuses, figuram em parelhas. Estão colocados na seguinte ordem, quatro em cada uma das três faces.
Zeus
O primeiro grupo representa Júpiter (Zeus), armado do raio e coberto por um manto que lhe deixa nus o peito e o braço direito. O rei dos deuses está de frente e volta a cabeça para o lado da esposa, Juno (Hera).
Hera
Esta empunha um longo cetro e segura com a mão esquerda o véu, emblema das mulheres casadas. O véu, preso ao diadema da deusa, cai-lhe sobre as costas e cobre somente a parte posterior da cabeça. Netuno e Ceres, o deus dos mares e a deusa da terra, formam o grupo seguinte.
Netuno
Netuno está vestido da mesma maneira que Júpiter e caracterizado pelo tridente.
Ceres
Ceres, posta na frente dele, segura na mão um ramalhete de espigas
A face seguinte começa com Apolo e Diana (Artêmis).
Apolo
Apolo, inteiramente vestido, tem na mão direita o plectro, enquanto a esquerda segurava provavelmente uma lira. Mas as pernas e a mão direita são as únicas antigas, e o escultor encarregado de restaurar a figura, ignorando-lhe a representação, fez dela uma mulher, o que já não tem sentido.
Diana
Também alongou consideravelmente o arco de Diana, que era muito menor, e não compreendeu o movimento da mão direita, com a qual, sem dúvida nenhuma, a deusa tirava uma flecha da aljava. e que é Vulcano (Ephaistos), posto em frente de Minerva (Atenas).
Vulcano
Vulcano estava, no entanto, muito bem caracterizado pela tenaz de ferreiro segura pela mão direita, e que é antiga.
Minerva
Minerva, que segura a lança e o escudo, possui também algumas partes mais recentes, mas sofreu muito menos, com a restauração, do que as figuras precedentes Marte (Ares) e Vênus (Afrodite) são os primeiros na terceira face.
Marte
Marte empunha uma lança e um escudo; talvez nos surpreenda achar num monumento grego certos pormenores que pertencem aos costumes romanos, mas o capacete e os frisos da couraça são restaurações efetuadas nos últimos séculos. O deus da guerra fita a esposa, Vênus, vestida de um manto talar e de uma mantilha, e que segura com a mão esquerda uma pomba, ave que lhe é consagrada. Afrôdite
Mercúrio (Hermes) e Veste (Héstia) terminam a série dos doze grandes deuses.
Hermes
Héstia
Mercúrio, caracterizado pelo caduceu, traz uma barba pontiaguda e cabelos trançados, segundo o uso do período arcaico. Vemo-lo de frente, e aos calcanhares se lhe prendem duas grandes asas. Volta a cabeça para o lado de Vesta cujo costume não difere em nada do que distingue Juno, no mesmo monumento o altar dos doze deuses, apesar das deploráveis restaurações que desnaturaram o caráter de certas figuras, é um dos monumentos antigos mais preciosos para a arqueologia. A escultura, de relevo pouquíssimo saliente, pertence ao estilo mais antigo. Os deuses estão representados em atitude rígida e, às vezes, de pernas apertadas, segundo uma velha crença pela qual caminham apenas roçando o chão e sem necessidade de mover os membros inferiores. Os dedos alongadíssimos das deusas e as pregas simétricas das vestes constituem também um sinal de grande antiguidade. Contudo, o trabalho do cinzel denota uma liberdade que está em desarmonia com os modos arcaicos do estilo, e alguns arqueólogos crêem que o monumento deve ser uma imitação, executada em época muito posterior, de um altar venerado e de data muitíssimo mais antiga.
A ordem na qual se acham os deuses no altar dos doze deuses repete-se identicamente no altar redondo do museu capitolino em Roma, mas é outra no altar astrológico de Gábies, mais conhecido com o nome de Mesa dos doze deuses. Esse monumento, que se encontra no Louvre, e que pertence à época romana, é uma espécie de mesa circular, no meio da qual deve ter havido um quadrante solar. Em torno da mesa, as cabeças das doze divindades do Olimpo estão esculpidas num relevo pronunciadíssimo,e apresentam-se na seguinte ordem: Júpiter, caracterizado pelo raio, está situado entre Minerva e Vênus. Esta, diademada, está unida a Marte, seu marido, pelo Amor que a ambos enlaça com os pequeninos braços; mas o Amor só aparece aqui como emblema qualificados da união de Marte e Vênus, pois nunca figurou entre os doze grandes deuses. Depois de Marte vem Diana, cuja aljava entrevemos e, em seguida, Ceres e Vesta, que está ao lado de Mercúrio, caracterizado pelo caduceu. A figura seguinte é Vulcano, reconhecível pelo gorro redondo; segue-se o Netuno, cujo tridente está colocado à esquerda, depois Juno e Apolo, posto à esquerda de Minerva, o que termina a série dos doze grandes deuses. Como os doze sinais do zodíaco formam o contorno da mesa, que continha um quadrante solar, houve quem acreditasse estarem ali os deuses para presidir uma das doze horas do dia, ou um dos doze meses do ano.
Baco
Há, todavia, deuses que aqui não figuram e cujo poder não é absolutamente inferior ao dos grandes deuses. Baco e Hércules têm grandíssima importância mitológica, e Baco, notadamente, é talvez o deus que mais aparece nos monumentos figurados. Enfim, há todo o grupo de deuses e semideuses os quais, na maior parte do tempo, são uma pequena divindade local, cujo culto não logrou extensão, ou heróis divinizados. Possuem estes no céu uma importância aproximadamente análoga à das santos no cristianismo e cada um deles tem devotos que o invocam preferivelmente.
Os deuses têm geralmente uma esfera de ação particular a cada um deles, de sorte que podemos classificá-los segundo a natureza do seu poder que se exerce no céu, na terra, nas águas, no fogo ou no inferno. Mas, com exceção de Júpiter que os domina todos, os deuses, embora desiguais no poder, não estão subordinados um ao outro, e um deus nunca desfaz o que faz outro. Ademais, os deuses nunca se criticam, com exceção de Momo, personificação da crítica impotente e irônica. Segundo Hesíodo, Momo é filho da Noite, mas não tem na mitologia história propriamente dita. Se, porém, nada faz por si próprio, passa o tempo em críticas às obras dos outros deuses, e às vezes com boa dose de espírito. De acordo com a sua opinião, nada foi feito de maneira conveniente. Os cornos do touro deveriam ter sido colocados mais perto dos olhos, para que ele pudesse ao menos dirigir os golpes; o homem deveria dispor de uma janelinha a abrir-se para o coração, para que se lhe pudessem ler os verdadeiros pensamentos, etc. Momo, depois de examinar Vênus, só conseguiu criticar-lhe o calçado e, par causa disso, morreu de despeito.
Fonte : Ménard, Rene , 1827-1887. Mitologia Greco romana / Rene Menard: tradução Aldo Della Nina – São Paulo: opus, 1991
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